"Now the Spirit speaketh expressly, that in the latter times some shall depart from the faith, giving heed to seducing spirits, and doctrines of devils; Speaking lies in hypocrisy;having their conscience seared with a hot iron;"1 Timothy 4:1-2

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

RACISMO É PECADO!




O cristianismo atual deve muito aos cristãos africanos. Os ‘Pais da igreja’ pertenceram à igreja africana”

Essa frase é do pastor batista Paulo de Souza, quando entrevistado por mim a alguns anos. Mestre em Ciências Sociais e Ph.D em História pela Unicamp, é uma autoridade no assunto. Nesse dia em que o Brasil reflete a igualdade racial, quis contribuir com a publicação parcial dessa entrevista, uma das melhores que já fiz. Nessa versão, destaquei os trechos mais relevantes para sua reflexão, caro leitor:

Racistas apontam a pobreza do continente africano como uma evidência da inferioridade dos negros. Como se explica esse subdesenvolvimento?
Essa pretensa inferioridade do continente africano não tem nenhuma base histórica. Quando o povo de Israel se formou, segundo narrativas bíblicas, a partir de Gênesis 10, algumas nações cuxitas africanas já tinham se destacado por seus feitos e conquistas. As poderosas Babilônia e Assíria foram nações fundadas pelo lendário cuxita Ninrode. O grande império egípcio foi governado pelos faraós Tiraca e Sisaque, da Etiópia. Mais tarde, Alexandria, no Egito, país africano, se tornou o maior centro de estudos e pesquisas do mundo então conhecido. Não muito tempo antes de Jesus nascer, os africanos da Tunísia, com seus generais, como o celebrado guerreiro Aníbal, por pouco não conquistaram o poderoso Império Romano. Chegaram a dominar a Sicília. A parada no progresso dos negros africanos foi posterior, com a colonização.
Por que o racismo achou guarida até mesmo no seio da igreja cristã?
Consideramos o racismo mais do que um problema ético do campo da história e da antropologia cultural. É um pecado social e, como tal, com origem na esfera espiritual. Na medida em que a igreja desobedece aos mandamentos de Jesus, ignorando o alcance das lições da koinonia divina, o resultado é, infelizmente, este que estamos discutindo. Mas no início do cristianismo havia fraternidade entre os negros e não-negros. Prova disso é que um dos mestres e profetas da igreja era Simeão, o Níger, isto é, negro em latim.
Mas a escravidão era uma realidade entre os povos bíblicos.
Historicamente, desde a antiguidade, infelizmente, houve a prática da escravidão. Só que a motivação não era propriamente étnica. As razões que determinavam a perda da liberdade eram: captura, compra, nascimento, restituição, dívidas, autovenda, rapto ou militar, quando os povos vencidos nas guerras eram escravizados. O fator determinante não era a cor da pele, como veio acontecer depois.
Como se desenvolveu essa “teologia racista”, baseada em quê?
Grande parte deste fato deve ser creditado à ganância das nações européias que lotearam, entre si, o continente africano. Para isso, foi montada uma operação teológica herética para desqualificar as populações africanas. Partes da Bíblia eram cuidadosamente destacadas, tais como: Gn 4:8-16; 9:20-25; Ct 1:5,6; 1Co 12:13, etc, sobre as quais desenvolveu-se a doutrina poligenista, que advoga o surgimento de casais diferentes. Ensinavam que negros e asiáticos não descendiam de Adão e Eva, chocando-se frontalmente com o que diz a Bíblia em Atos 17:26: “De um só sangue fez toda a geração dos homens”.
Qual tem sido a contribuição negra à teologia e à história cristã?
O cristianismo atual deve muito aos cristãos africanos. Só que muita gente não sabe disso. Os chamados “Pais da igreja” pertenceram à igreja africana, com destaque para as comunidades cristãs antigas do Egito, da Etiópia e do norte da África, de um modo geral. Entre esses gigantes estão Orígenes, Atanásio, Cirilo, Tertuliano, Frumêncio e o notável mestre Agostinho. E na história da igreja primitiva, temos Simão, o cirineu, que ajudou Jesus a carregar a cruz, e Lúcio, líder da igreja de Antioquia, ambos eram negros!
A Bíblia reserva promessas especiais aos povos negros?
Evidentemente que os povos negros estão incluídos na grande festa indicada em Apocalipse 7:9. Todavia, mais especificamente, o Salmo 68 faz referência ao Egito e à Etiópia como nações camitas (negras) que, no futuro escatológico, serão parceiras de Israel na adoração ao Senhor. O texto diz: “...a Etiópia cedo estenderá para Deus as suas mãos”. Outra grande demonstração do amor de Deus aos negros foi registrada pelo profeta Amós: “Não me sois, vós, ó filhos de Israel, como os filhos dos etíopes?”. O carinho que Deus dispensava aos judeus era semelhante ao que devotava aos negros!
Repetindo a célebre frase de Martin Luther King “Eu tenho um sonho”, qual seria suas aspirações nesse dia da Conciência Negra?
Na esteira do grande batalhador que foi o pastor negro Luther King, esperamos que haja igualdade de oportunidades para todos, nas dimensões secular e espiritual. Martin Luther King, no balanço dos 358 dias da campanha que realizou na cidade de Montgomery (EUA), declarou: “Tenho a firme convicção de que Deus colocou sua mão sobre Montgomery. Que todos os homens de boa vontade, brancos e negros, prossigam trabalhando com Ele”. É este também o nosso desejo para o Brasil e para a igreja.

fonte:http://jamiersonoliveira.blogspot.com

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