"Now the Spirit speaketh expressly, that in the latter times some shall depart from the faith, giving heed to seducing spirits, and doctrines of devils; Speaking lies in hypocrisy;having their conscience seared with a hot iron;"1 Timothy 4:1-2

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Não fostes vós que me escolhesses, eu vos escolhi.




COMENTÁRIO AO EVANGELHO DE SÃO JOÃO




Não fostes vós que me escolhesses, eu vos escolhi” [Jo 15,16]. Eis a inefável graça! Que éramos nós quando não tínhamos ainda escolhido a Cristo, e por isso não o amávamos? Como poderia amá-lo aquele que não o escolheu? Acaso já ocorria conosco o que se canta no Salmo: “escolhi, antes, ser humilde na casa do Senhor do que habitar nas moradas dos pecadores” [Sl 83,11]? Não, decerto. Que éramos, senão iníquos e perdidos? Nem sequer tínhamos acreditado nele, para sermos por ele escolhidos. Se nós escolhemos já acreditando nele, eram escolhidos os que escolhia. Ele disse, porém: “não fostes vós que me escolhesses”. Porque foi “a sua misericórdia que se antecipou a nós” [Sl 58,11].

Por aí se vê quanto é destituída de razão a maneira de raciocinar dos que defendem a presciência de Deus contra a graça de Deus. Dizem que fomos escolhidos “antes da constituição do mundo” [Ef 1,4], porque Deus previu que havíamos de ser bons, e não que ele mesmo nos haveria de fazer bens. Ora, não é isto e que diz ele, quando diz: “Não fostes vós que me escolhesses”. Se nos tivesse escolhido porque previra que havíamos de ser bons, teria igualmente previsto que nós primeiramente o havíamos de escolher. Não podíamos ser bons de outro modo. a não ser que se chamasse bom quem não escolheu o bem.

Que escolheu ele nos que não são bons? Não foram escolhidos por terem sido bons. Nunca seriam bons se não tivessem sido escolhidos. Se sustentarmos que já havia méritos, a graça já não seria graça.

A escolha é obra da graça, como diz o Apóstolo: “no tempo presente subsiste um resto, por causa da escolha da graça” [Rm 11,5]. E acrescenta: “se isto foi pela graça, não foi pelas obras; de outra sorte, a graça já não seria graça”.

Ouve-me, ó ingrato, ouve-me! “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi”. Não tens razão para dizer: fui escolhido porque já acreditava. Se acreditavas nele, já o tinhas escolhido. Mas ouve: “Não fostes vós que me escolhesses”. Não tens razão para dizer: antes de acreditar, já realizava boas ações, e por isso fui escolhido. Se o Apóstolo diz: “o que não procede da fé é pecado” [Rm 14,23], que obras boas podem existir anteriores à fé? Ao ouvir dizer: “Não fostes vós que me escolhesses”, que devemos pensar? Que éramos maus e fomos escolhidos para nos tornarmos bons pela graça de quem nos escolheu. A graça não teria razão de ser se os méritos a precedessem. Mas a graça é graça. Não encontrou méritos, foi a causa dos méritos. Vede, caríssimos, como o Senhor não escolhe os bons mas escolhe para fazer bons.

“Eu vos escolhi e vos constituí para que vades e produzais frutos, e o vosso fruto permaneça” [Jo 15,16].

Referira-se a esse fruto quando dissera: “sem mim nada podeis fazer”. Escolheu, pois, e constituiu-nos para irmos e produzir os fruto. Não tínhamos qualquer fruto que fosse a razão de ser de nossa eleição. “Para que vades e produzais fruto'. Vamos para produzir. Ele é o caminho por onde vamos, e onde nos colocou para que vamos. Em tudo se antecipou a nós a sua misericórdia. “E para que vosso fruto permaneça, a fim de que tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo conceda” [Jo 15,16].

Permaneça, pois, o amor. Ele mesmo será a nosso fruto. O amor agora existe em desejo e não em plena abundância, mas pelo próprio desejo que alimentarmos em nós, tudo o que pedirmos em nome do Filho unigênito no-lo concederá o Pai. Não vamos julgar que pedimos em nome do Salvador. Só podermos pedir em nome do Salvador o que convém à nossa salvação.

[...]

Constituiu-nos em situação de produzirmos fruto, isto é, de nos amarmos mutuamente. Nunca poderíamos produzir este fruto são a sua cooperação, assim como os ramos nada podem produzir sem a videira. A caridade, portanto, tal como a definiu o Apóstolo: “nascida de um coração puro, da boa consciência e da fé não fingida” [1Tm 1,5] é o nosso fruto. É como ela que nos amamos uns aos outros e que amamos a Deus.

Nunca poderíamos amar-nos mutuamente com verdadeiro amor se não amássemos a Deus. Ama o próximo como a si mesmo aquele que ama a Deus. Se não ama a Deus não se ama a si mesmo.

“Nestes dois mandamentos se compendiam toda a - Lei e os Profetas” [Mt 22,40]. É este nosso fruto, e o Senhor nos deu um preceito quanto a este fruto ao dizer-nos: “o que vos mando é isto: que vos amais uns aos outros” [Jo 15,17].

Quando o apóstolo Paulo queria recomendar os frutos do Espírito em oposição às obras da carne colocou em primeiro lugar, à maneira de cabeça, este: “o fruto do Espírito é a caridade”. Só depois enumerou os demais, nascidos e intimamente ligados à cabeça: “a alegria, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fé, a mansidão e a continência”.

Como pode alegrar-se convenientemente quem não ama o bem de onde procede a alegria? Como se pode ter verdadeira paz, senão com aquele a quem, verdadeiramente se ama? Como se pode perseverar no bem com longanimidade se não se ama com intensidade? Quem pode ser benigno se não ama aquela a quem corre? Quem pode ser bom se não se torna bem pela prática do amor? Quem pode ter uma fé efetiva se a caridade não faz que a mesma se acompanhe de obras? Quem pode ser utilmente manso, se o amor não moderar a ira? Quem pode conter-se e não praticar a torpeza se a caridade não o levar a amar a honestidade?

Razão tinha o bem Mestre para encarecer tanto a caridade como se fosse o seu único mandamento. Sem a caridade os outros bens não são proveitosos. Mas a caridade, por sua vez, não pode existir sem os outros bens, pelos quais o homem se torna bom.

Cresce o número de evangélicos sem ligação com igrejas



O número de evangélicos que não mantêm vínculo com nenhuma igreja cresceu. Segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares, do IBGE, eles passaram de 4% do total de evangélicos em 2003 para 14% em 2009.

Entram nessa categoria tanto pessoas que frequentam cultos de várias igrejas como gente que se afastou de sua denominação de origem, mas não deixou de se considerar evangélica.

Verônica de Oliveira, 31, foi batizada católica e vai à missa aos domingos. No entanto, moradora do morro Santa Marta, no Rio, é vista com frequência também nos cultos das igrejas evangélicas Deus é Amor e Nova Vida.

Quando questionada sobre sua filiação, dispara: "Nem eu sei explicar direito. Acho que Deus é um só".

Em cada igreja, ela gosta de uma característica. Na Católica, são os folhetos distribuídos na missa. Na Deus é Amor, "um pastor que fala uma língua meio doida".

Na Nova Vida, aprecia o fato de lerem bastante a Bíblia
Mais do que trair hesitações teológicas, casos como o de Verônica, de "religiosos genéricos", que não se prendem a uma denominação, crescem nas estatísticas.

Um bom indício do fenômeno surge nos dados sobre religião da POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE, que pesquisou o tema em 2003 e 2009. No período, só entre evangélicos, a fatia dos que se disseram sem vínculo institucional foi de 4% para 14% -um salto de mais de 4 milhões de pessoas.

Entram nesse balaio, além de multievangélicos como Verônica, pessoas que não se sentem ligadas a nenhuma igreja específica, mas não deixaram de considerar-se evangélicos, em processo análogo ao dos chamados "católicos não praticantes".

A intensidade exata do fenômeno só será conhecida quando saírem dados de religião do Censo de 2010.

No entanto, para especialistas consultados pela Folha, a pesquisa, feita a partir de amostra de 56 mil entrevistas, é suficiente para dar boas pistas do movimento.

O pesquisador Ricardo Mariano, da PUC-RS, reconhece que vem ocorrendo aumento de protestantes e pentecostais sem vínculos institucionais, ainda que ele tenha dúvidas se o crescimento foi mesmo tão intenso quanto o revelado pelo IBGE.

INDIVIDUALISMO

Para ele, a desinstitucionalização é resultado do individualismo e da busca de autonomia diante de instituições que defendem valores extemporâneos e exigem elevados custos de seus filiados.

De acordo com o professor, parte dos evangélicos adota o "Believing without belonging" (crer sem pertencer), expressão cunhada pela socióloga britânica Grace Davie sobre o esvaziamento das igrejas ao mesmo tempo em que se mantêm as crenças religiosas na Europa Ocidental.

Para a antropóloga Regina Novaes, uma pergunta que a pesquisa levanta é se este "evangélico genérico" tem semelhanças com o católico não praticante. Para ela, "ambos usufruem de rituais e serviços religiosos mas se sentem livres para ir e vir".

Diana Lima, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos, levanta outra hipótese: "Minha suspeita é que as distinções denominacionais talvez não façam para a população o mesmo sentido que fazem para religiosos e cientistas sociais. Tendo um Jesus Cristo ali para iluminar o ambiente, está tudo certo".

Os dados do IBGE também confirmam tendências registradas na década passada, como a queda da proporção de católicos e protestantes históricos e alta dos sem religião e neopentecostais.

No caso dos sem religião, eles foram de 5,1% da população para 6,7%. Embora a categoria seja em geral identificada com ateus e agnósticos, pode incluir quem migra de uma fé para outra ou criou seu próprio "blend" de crenças -o que reforça a tese da desinstitucionalização.
Para o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, do IBGE, o que está ocorrendo é um processo de democratização religiosa, "com todos os problemas da democracia".

O maior perdedor é a Igreja Católica, que ficou sem seu monopólio. Segundo Alves, ela vai ceder mais terreno, porque os católicos se concentram nas parcelas de menor dinamismo demográfico.

Já os evangélicos ainda vão crescer muito, garante o demógrafo, pois ganham entre as parcelas da população que têm maior fecundidade.
Outro dado interessante da POF é que aumentou o número dos que declararam uma religião não identificada pelos pesquisadores, o que indica que na década passada mais igrejas surgiram e passaram a disputar o "supermercado da fé", na expressão depreciativa utilizada pelo papa Bento 16.

Por ser amplo, o levantamento permite também identificar, denominação por denominação, o tamanho de cada igreja.
A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, registrou queda de 24% no número de fiéis. O recuo pode estar relacionado com a criação de igrejas dissidentes.

Ao analisar os números, porém, os pesquisadores consultados dizem que é preciso esperar o Censo para confirmar esse movimento.

Fonte: Folha de São Paulo
VIA: FOLHA GOSPEL